Ínicio

BARCELOS E SUAS LENDAS:

cmbLocalizado em pleno coração do Minho,  com o Cávado como travessia, Barcelos sempre assumiu uma posição estratégica na comunicação entre o litoral e interior,  Portugal e Castela. Uma situação desde sempre privilegiada, e que lhe valeu o protagonismo na definição da fronteira terrestre entre os dois reinos. Aliás, graças ao empenho e à diplomacia de Dom ......

 João Afonso nas negociações do tratado de Alcanises, D. Dinis constituiu-o "conde donatário vitalício da vila de Barcelos". Decorria o ano de 1298, e aquela era a primeira vez que, em Portugal, se atribuía o título de conde com carácter vitalício e funções públicas. Nascia então em Barcelos o primeiro condado português, depois de se ter tornado vila régia pelas mãos de D. Afonso Henriques e do seu primeiro foral. Em 1442, D. Afonso - o 8.º conde de Barcelos - viu D. Pedro acrescentar-lhe ao título de Conde de Barcelos, o de primeiro Duque de Bragança, aumentando assim os privilégios da vila barcelense.

Barcelos é o maior concelho de Portugal, em número de freguesias. São 89 as freguesias que se localizam entre os vales dos rios Cávado e Neiva. A dinâmica do seu povo está reflectida na grandeza do artesanato - cujo exemplo mais flagrante é o Galo de Barcelos -, mas o concelho é hoje um produto da sua história, tipicidade e heranças que se preservam, a que se alia um forte desenvolvimento económico.

Bem incrustado no coração do Minho, em Barcelos o visitante pode encontrar, em vários elementos, atractivos fortes para uma estada demorada. Além do artesanato, que é imagem de marca e se reveste de uma importância notória, igualmente o património arquitectónico merece atenção. São os casos da Igreja Matriz (século XIII), Torre de Menagem (século XV), ou o Pelourinho, testemunho da herança do romano e do gótico. Daqui até à Franqueira são dois passos. E dali, a vista é extasiante. Dá calma e paz estender os olhos até ao litoral e saborear o azul do mar lá longe, ou do verde da montanha da Serra do Gerês.

Lenda do Galo de Barcelos:
Ao cruzeiro setecentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico de Barcelos, está associada uma curiosa lenda - A Lenda do Galo de Barcelos.
Os Habitantes do Burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não ter descoberto o autor. Certo dia, apareceu um Galego que se tornou de imediato suspeito do dito crime, visto que ainda não tinha sido encontrado o criminoso. As autoridades condais resolveram prênde-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência , ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse para Santiago de Compostela em cumprimento de uma promessa como era tradição na época , e fosse devoto fiel de S. Paulo e da Virgem Santíssima. Por isso foi condenado à forca. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o havia condenado a tal destino. A autorização foi-lhe concedida, e levaram-no à presença do dito magistrado, que nesse momento se deleitava e banqueteava com os amigos. O galego reafirmou a sua inocência, e perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que se encontrava no centro de uma grande mesa, exclamando «« É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem »», perante gargalhadas e risos, não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível aconteceu. Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo ergueu-se na mesa e cantou ! Após tal acontecimento mais ninguém duvidava da inocência do Peregrino. O Juiz correu à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz. Volvidos alguns anos, voltou a Barcelos e fez erguer um Monumento em Louvor à Virgem e a Santiago....."

Lenda do Milagre das Cruzes:
A lenda do Milagre das Cruzes, muito antiga, está ligada à aparição de uma cruz acompanhada da figura de Deus, a um sapateiro Barcelense. "......O povo fez aparecer, no local da aparição, uma ermida em honra do senhor da Cruz às costas, venerado numa imagem que um mercador destas terras trouxe de Flandres. A lenda entretanto explica de outro modo a presença da imagem. Segundo a tradição o Senhor da Cruz era irmão dos Senhores de Matosinhos e de Fão os quais teriam sido lançados à água em terras distantes. A corrente tê-los-ia lançado um à praia de Matosinhos, outro à de Fão e o terceiro teria subido o Cávado de onde teria sido recolhido por almas piedosas que o levaram até Barcelos , dando-lhe aconchego na ermida do Senhor da Cruz, de onde nunca mais foi demovido...." 
"Reza a tradição que esta lenda advêm dos seguintes factos:"......Ao sul da Barragem de Penide, na freguesia de Areia de Vilar, estende-se um enorme areal, com fama de ter sido outrora uma Quinta, cujo dono, mau e severo, a deixou em legado a uma matilha de cães. Mas por castigo de Deus o rio " a levou" , reduzindo o sitio a um extenso areal a que ficou a Quinta foreira aos cães..."

Lenda do Frade e o Passarinho:
Reza a tradição que :"... Em tempos muito afastados aconteceu de um frade, enquanto rezava o ofício no côro, ter a sua atenção despertada pelo seguinte versículo da Salmódia: «« Mil anos à vista de Deus são como o dia de ontem que já passou »». Não entendia o frade o significado, pelo que, no fim orou com mais fervor a Deus para que lhe fizesse entender. Saindo do côro e ao passar no claustro do convento, ouviu o canto de um passarinho que o fez parar. Em breve aquela avezinha se mudou, pelo que o monge a seguiu na esperança de a poder ouvir por mais um tempo, o seus aprazíveis cantos. Já um pouco afastado, perdeu de vista a ave que o encantara, facto que lhe causou muita tristeza e exclamou « Óh passarinho da minha alma, que tão belo e tão breve foi o teu cantar ! Em seguida regressou ao convento, porém reparou que a porta já não era no mesmo sítio. Achou tudo demasiado diferente e, ao bater, até o guardião do convento lhe parecia extremamente diferente: - Quem bate e o que deseja, perguntou-lhe o Guardião ? - Responde o Frade « Um irmão e humilde frade deste convento. - Como, se cá não falta ninguém - respondeu o guardião - Falta sim ainda à nadinha saí no encalço de um passarinho, cujo o canto eu quis ouvir. Segui-o até à orla da mata e, tão logo se calou, me tornei ao convento. Como pois não me conheceis? ! É verdade também não vos conheço !! Foi o porteiro chamar o D. Abade a quem narrara, intrigado o caso. Este não se surpreendeu menos e postos a desvendar o mistério, consultando livros e registos, deles constava o desaparecimento de um frade, mas sobre o qual já haviam passado 300 anos. Nunca mais dele houvera rastos ou noticias. Foi então que por mais diligências, concluíram. Ter sido aquele para quem miraculosamente trezentos anos se passaram num momento. Assim ele compreendeu que para deus não há diferença de tempo.

Lenda " Os Principais de Vilar de Figos":
Como lenda contamos um facto relacionado com o Castelo de Faria e que dera aos habitantes de Vilar de Figos o honroso apelido de principais. Sabe-se que em velhos registos da paróquia esse designação existe, embora se desconheça a extensão dela, isto é , se para todos os habitantes ou para descendentes apenas dos velhos "principais" O caso foi que os árabes se apossaram, em tempos remotos do castelo. Os cristãos tentavam a conquista tornada impossível pelo denodo com que os sitiados se defendiam. Recorreu-se então ao estratagema que a luminosa ideia do povo de Vilar de Figos suscitou: pelos campos e encosta daquele lado fariam subir, de noite, um grande rebanho de cabras ( Podiam ser mesmo carneiros ) com luminárias atadas aos chifres. Se bem o pensaram, melhor o fizeram.Os árabes notaram pela noite escura , aquela aproximação de tanta gente que vinha, por certo em reforço dos sitiantes. Perante a superioridade provada do inimigo abandonaram o castelo e foram-se. E assim, porque os moradores dessa freguesia mais contribuíram para a tomada do castelo, ficaram a ser conhecidos e nomeados por os Principais de Vilar de Figos.

Lenda do Penedo do Ladrão:
Cerca de uns 3 Km de Abade de Neiva, quando a estrada atinge o ponto mais elevado da Subida, entra numa garganta formada pelo monte de S. Mamede e pela Portela do Ladrão. Desviando nesta garganta e subindo uns metros do monte, acharemos a célebre memória do penedo assim chamado. É um grande bloco de granito com uma espécie de reentrância no cimo, assemelhando-se a uma cama, e de onde o ladrão que o baptizou vigiava a presa. "Segundo a lenda "...... O malogrado gatuno da triste memória: sucumbiu ás mãos do sexo fraco. Uma mulher ia de cesto à cabeça levar o almoço ao homem, em trabalhos nas proximidades quando lhe saiu o ladrão. Ela que mal ganhara para o susto, ofereceu-lhe a única coisa que lhe ocorreu e parecia aceitável no momento - a cabaça do vinho. O ratuço não se mostrou de cerimónias e, aproveitando a oferta, começou por entornar regaladamente nas goelas sedentas o vinho da cabaça. A mulher, rápida que nem um Gamo, enterrou a faca do pão no pescoço do valente que por certo já teria enfrentado perigos maiores...."

Lenda acerca da Ponte:
O povo na ingénua crendice atribuía à ponte sobre o Cávado virtudes obstétricas ou, mais claro, concessão de facilidade e segurança nos partos."......Era em seu entender, castigo, praga ou má olhadura, de pessoas malfazejas, o caso de certas mulheres não vingarem capazmente os frutos do seu ventre. Estes desde que as mães fossem vitimas de tais malefícios, durariam pouco, após o nascimento. Era certo que logo nos primeiros dias de lactação, iriam para os anjinhos. Verificado o caso de uma vez para outra, resolvia-se proceder a um baptismo especial. Em vésperas de novo parto, o homem e a mulher dirigiam-se à ponte, esperando aí até ao bater da meia-noite. Nessa hora azada, convidado o padrinho, o primeiro transeunte, procediam, servindo-se de um ramo de oliveira e de água comum, à espersão do ventre materno. Posteriormente acreditava-se que a criança viria a nascer robusta e saudável, atingindo infalivelmente a idade proveta se passasse os 80 anos, o que aliás acontecia sempre que fizesse boas digestões durante 30 mil dias. É só fazer os cálculos....."

Lenda da Cobras Mouras:
Ao penedo do Monte da Saia anda associada uma crença, que nos diz que os pré-históricos, guardaram dentro do penedo um tesouro em ouro. Para ter acesso a este, terá que se ler o livro de S.Cipriano de "lés a lés" sem parar, se conseguir tal feito o penedo abre-se e o tesouro fica na posse do feliz contemplado. Caso contrário as "Cobras" mouras, guardiãs do tesouro poderão por cobro à vida do dito candidato. O aparecimento de cobras de enormes dimensões, deram ainda mais aso a esta crença. (Segundo relatos populares).

Lenda do Barbadão:
Segundo o relato de D. Domingos J. Pereira (in "Memória Histórica da Villa de Barcelos", 1867, p.51), a figura gravada em pedra representando uma cara com grandes barbas e umas mãos puxando por elas, que se situa na torre virada a Sul do Solar dos Pinheiros, logo debaixo da cornija do telhado, virada ao Palácio dos Duques, tem associada a si uma simbologia que se revessa em duas vertentes, fruto do imaginário popular. Uma diz que a imagem representa Tristão Gomes Pinheiro "enraivecido contra o Duque D. Afonso, por este lhe embargar a obra da sua casa solar e não lhe deixar altear mais as torres dela, para não lhe devassar os Paços Ducais" Uma outra tradição, bem mais simbólica e romanceada, diz-nos que aquele Barbadão significa "Tristão Gomes Pinheiro protestando vingança contra um Cavaleiro dos Paços dos Duques que manchara a fé da sua filha". Segundo Carlos Alberto Ferreira de Almeida, a iconografia dá muitas vezes origem a lendas, porque o povo, bem ou mal, nada deixa por explicar. E esta dinâmica e imaginário popular, que vinca as diferenças e riqueza de cada sítio, local ou região, acaba por enriquecer a nossa cultura e tradição.

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